NATIONAL HARBOR, MD. — Um brilho intenso em uma galáxia distante pode ligar duas categorias misteriosas de explosões cósmicas. O evento, que os astrônomos chamam de Ornitorrinco de forma brincalhona, também pode oferecer uma nova maneira de entender as origens dos buracos negros supermassivos que residem no centro da maioria das galáxias.

O brilhante clarão, visto em uma galáxia anã a cerca de 6,5 bilhões de anos-luz da Terra, tem muitas das características de um evento de interrupção de maré, o flash final de uma estrela sendo despedaçada por um buraco negro. Mas também se assemelha a outro tipo de clarão, chamado de LFBOT (são eventos explosivos cósmicos que são semelhantes a supernovas e explosões de raios gama), que os astrônomos acham que pode ser uma classe de estrela em explosão.

O Ornitorrinco pode conectar os dois, relatou o astrônomo Vikram Ravi do Caltech em 15 de janeiro, em uma reunião da Sociedade Astronômica Americana.

Ravi e seus colegas não estavam procurando LFBOTs, ou transientes ópticos luminosos e rápidos de cor azul. Em vez disso, a equipe buscava eventos de interrupção de maré ao redor de buracos negros de massa intermediária, com massas de algumas milhares de vezes a do sol.

“Esses são os progenitores, ou as sementes, dos buracos negros supermassivos,” que podem ter bilhões de massas solares, diz a coautora do estudo Jean Somalwar, uma astrofísica também do Caltech. Compreender essas bestas elusivas pode iluminar como os buracos negros supermassivos se formaram.

Usando o Observatório Palomar perto de San Diego, a equipe encontrou um clarão promissor em julho. Observações subsequentes com o Telescópio Espacial Hubble mostraram que a explosão veio das periferias de uma galáxia minúscula. O brilho da explosão era 100 vezes maior que o de todas as estrelas daquela galáxia.

“É simplesmente uma fonte incrivelmente brilhante, mais brilhante do que quase tudo o que vimos antes,” diz Somalwar.

O clarão pode vir de uma estrela extremamente massiva “fazendo alguma explosão maluca,” diz Somalwar. O outro suspeito é um buraco negro supermassivo destroçando uma estrela. Mas uma galáxia tão pequena provavelmente não tem nenhum dos dois. “Acreditamos que um buraco negro de massa intermediária é um candidato muito bom,” ela diz.

O Ornitorrinco também parecia um LFBOT: brilhou intensamente em luz azul e aumentou rapidamente em brilho. Mas, enquanto o brilho da maioria dos LFBOTs evolui ao longo de alguns dias, o Ornitorrinco brilhou por duas semanas — mais como um evento de interrupção de maré.

A equipe espera obter observações simultâneas com o Hubble e o Telescópio Espacial James Webb no próximo mês, o que pode ajudar a esclarecer as origens do Ornitorrinco. E o próximo Observatório Vera Rubin no Chile deve encontrar centenas de eventos semelhantes ao Ornitorrinco, se houver mais a serem encontrados.